Neste ultimo sábado tivemos a visita do Ministério da Cultura. Karla, a representante do MINC, veio conhecer o trabalho de Residência Artística que está sendo realizado no ponto de Cultura de Lia de iIamaracá. Foi uma visita interessante, ouvir Karla em relação ao projeto escrito foi especial, nem sempre temos um retorno em relação ao que escrevemos, quem escreve projetos sabe disso. Depois, ouví-la em relação ao trabalho efetivo foi ainda mais especial.
Tenho pra mim que os projetos são expressões um tanto romanticas do nosso desejo, é justo que seja e a prática vem a nos desafiar e a nos transformar também.
Houveram muitas mudanças no decorrer do processo e hoje tenho a segurança de afirmar que essas mudanças somaram muito ao projeto original. Eu havia me programado para trabalhar tecnicas do teatro contemporâneo e foi o que fiz, mas em escalas bem mais sutis. O fato de ter comigo toda a família de Mestre Baracho foi uma bela e desafiadora surpresa, isso siganificava que eu haveria de reorganizar meu cronograma em função de uma demanda diferente: eu possuia a partir de então, alunos que tinham de 3 a 70 anos e a maioria deles tinham a música ritmica como linguagem artística mais acessível. A maioria nunca havia assistido a um espetáculo de teatro ou dança.
Eu deveria então me comunicar com elas por meio dessa linguagem se quisesse ter algum sucesso nessa comunicação, afinal, a confiança delas deveria ser conquistada. Trabalhamos a linguagem básica corporal: equilibrio, transferência de peso, ocupação e equilíbrio espacial, intensão, gesto... Mas tudo isso por meio das canções populares.
Hoje temos uma espécie de opereta, ou o esboço de uma. Estruturamos uma narrativa não linear para CANTAR em coro ou não, os temas que nos interessam: a roda, o tempo, o direito feminino, o trabalho, a brincadeira: Obras de Terreiros das nossas casas, de nossos quintais, locais de trabalho, convivência e brincadeira, lugar do lúdico, lugar da criação.
O verbo criar ganhou prioridade, lugar de destaque durante a oficina. Percebi que apesar de todo o talento delas, havia uma certa dificuldade em relação a CRIAR pois não se sentiam á vontade, elas sempre estavam ao meu dispor para executar minhas supostas ordens. Ordens essas que poucas vezes existiram e que muitas vezes criou um vazio no processo. Veja bem, se existe num espeço específico pessoas dispostas a obedecerem a uma outra que não dá ordens, o que fica é o vazio. Esse vazio foi importante para deflagrar a necessidade de ocupá-lo. E foi assim que aconteceu, aos poucos, elas iam por necessidade lançando idéias, sugestões para ocupar o vazio incômodo. Quando essas sugestões eram lançadas aí sim, idéias minhas iam surgindo, sempre em relação ao que era colocado por elas e assim fomos aprendendo a criar juntas e um diálogo começou a ser estabelecido.
Ruídos, harmonias, silêncios, ritmos, melodias... Sinto que durante muito tempo essas mulheres desenvolveram relações de castração entre si e com os outros e agora é hora de suspendermos isso. Esse terreno circular que pisamos é fertil, nesse nosso Terreiro nascem e morrem coisas a todo instante, aqui o tempo nos serve, ele nos transforma e essa talvez seja nossa principal Obra.
Tenho pra mim que os projetos são expressões um tanto romanticas do nosso desejo, é justo que seja e a prática vem a nos desafiar e a nos transformar também.
Houveram muitas mudanças no decorrer do processo e hoje tenho a segurança de afirmar que essas mudanças somaram muito ao projeto original. Eu havia me programado para trabalhar tecnicas do teatro contemporâneo e foi o que fiz, mas em escalas bem mais sutis. O fato de ter comigo toda a família de Mestre Baracho foi uma bela e desafiadora surpresa, isso siganificava que eu haveria de reorganizar meu cronograma em função de uma demanda diferente: eu possuia a partir de então, alunos que tinham de 3 a 70 anos e a maioria deles tinham a música ritmica como linguagem artística mais acessível. A maioria nunca havia assistido a um espetáculo de teatro ou dança.
Eu deveria então me comunicar com elas por meio dessa linguagem se quisesse ter algum sucesso nessa comunicação, afinal, a confiança delas deveria ser conquistada. Trabalhamos a linguagem básica corporal: equilibrio, transferência de peso, ocupação e equilíbrio espacial, intensão, gesto... Mas tudo isso por meio das canções populares.
Hoje temos uma espécie de opereta, ou o esboço de uma. Estruturamos uma narrativa não linear para CANTAR em coro ou não, os temas que nos interessam: a roda, o tempo, o direito feminino, o trabalho, a brincadeira: Obras de Terreiros das nossas casas, de nossos quintais, locais de trabalho, convivência e brincadeira, lugar do lúdico, lugar da criação.
O verbo criar ganhou prioridade, lugar de destaque durante a oficina. Percebi que apesar de todo o talento delas, havia uma certa dificuldade em relação a CRIAR pois não se sentiam á vontade, elas sempre estavam ao meu dispor para executar minhas supostas ordens. Ordens essas que poucas vezes existiram e que muitas vezes criou um vazio no processo. Veja bem, se existe num espeço específico pessoas dispostas a obedecerem a uma outra que não dá ordens, o que fica é o vazio. Esse vazio foi importante para deflagrar a necessidade de ocupá-lo. E foi assim que aconteceu, aos poucos, elas iam por necessidade lançando idéias, sugestões para ocupar o vazio incômodo. Quando essas sugestões eram lançadas aí sim, idéias minhas iam surgindo, sempre em relação ao que era colocado por elas e assim fomos aprendendo a criar juntas e um diálogo começou a ser estabelecido.
Ruídos, harmonias, silêncios, ritmos, melodias... Sinto que durante muito tempo essas mulheres desenvolveram relações de castração entre si e com os outros e agora é hora de suspendermos isso. Esse terreno circular que pisamos é fertil, nesse nosso Terreiro nascem e morrem coisas a todo instante, aqui o tempo nos serve, ele nos transforma e essa talvez seja nossa principal Obra.
muito legal!!!
ResponderExcluirqueria muito estar ai...
para presenciar seu trabalho
cevio