sexta-feira, 11 de junho de 2010

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Pés no chão - o des-equilíbrio na dança popular brasileira


Fruto das reflexões sobre o desequilíbrio nas danças populares, surgiu a Oficina Pés no chão - o des-equilíbrio na dança.

A oficina passa por diferentes manifestações artísticas da cultura popular brasileira, focando o olhar na base de equilíbrio utilizada pelos bailarinos. A relação dos pés com o espaço, do corpo com o chão e elementos como o peso, torções e flexões da coluna serão experimentadas.

É utilizada como base de referencia as ações presentes no Jongo do Rio de Janeiro, no Moçambique de Minas Gerais e na Ciranda e no Côco de Pernambuco . Como se comportam os pés em relação ao chão, como se comporta a coluna em relação ao corpo e aos movimentos propostos?

As primeiras oficinas foram oferecidas em Roma e Barcelona em março deste ano.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Oh, velho deus dos homens! Eu quero ser tambor, só tambor, só tambor...

Extraído do livro "Karingana va Karingana"
do poeta maior de Moçambique José craveirinha

Quero ser tambor


Tambor está velho de gritar
Oh velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
corpo e alma só tambor
só tambor gritando na noite quente dos trópicos.


Nem flor nascida no mato do desespero
Nem rio correndo para o mar do desespero
Nem zagaia temperada no lume vivo do desespero
Nem mesmo poesia forjada na dor rubra do desespero.


Nem nada!


Só tambor velho de gritar na lua cheia da minha terra
Só tambor de pele curtida ao sol da minha terra
Só tambor cavado nos troncos duros da minha terra.


Eu
Só tambor rebentando o silêncio amargo da Mafalala
Só tambor velho de sentar no batuque da minha terra
Só tambor perdido na escuridão da noite perdida.


Oh velho Deus dos homens
eu quero ser tambor
e nem rio
e nem flor
e nem zagaia por enquanto
e nem mesmo poesia.
Só tambor ecoando como a canção da força e da vida
Só tambor noite e dia
dia e noite só tambor
até à consumação da grande festa do batuque!
Oh velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
só tambor!


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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

de volta a Obra!!!


Estive um tanto ausente.
Depois que cheguei ao fim da residência em Itamaracá segui adiante com minhas andanças. São Paulo, Belo Horizonte, Rio e agora Barcelona.

Estive três meses em BH ( também em residência) desenvolvendo um projeto de arte e tecnologia junto ao Marginália+Lab, laboratório de criação colaborativa em arte e tencologia. Neste período, me dideiquei a criar performances que tivessem como "suporte" o corpo e como extensão desse corpo a tecnologia. Um projeto bem diferente do que foi Obra de Terreiro, porém, para mim, não menos interessante...

Enquanto residia em BH reencontrei na capital mineira, a cultura popular dos Reisados: moçambique, congada, vilão... As canções desse povo embalou minha infância agora voltou a estar diante de meus olhos com suas cores e a música alta.
Numa ocasião fui a uma festa de chegada de Reisado na cidade de Contagem, grande BH. Logo quando cheguei, na parede dos banheiros públicos construídos para a festa dos Arturos, estava escrito:

Oh velho Deus dos homens! Deixa-me ser tambor, só tambor, só tambor...


Salve os Arturos!!!
Os Arturos são uma comunidade quilombola que resiste na cidade de Contagem. Fazem, todos os anos, uma bela festa de Reisado lá mesmo pelas ruazinhas do bairro onde recebem, também, grupos vindos de outras cidades e arredores.

Pois bem, dessas minhas andanças, surgiu uma reflexão sobre o desequilíbrio do corpo na cultura popular (reflexão essa, discutida por pesquisadores brasileiros: músicos, bailarinos e teóricos). Depois de dançar passando a sola dos meus pés no chão, tirando som do atrito entre o chão e o meu corpo, foram tantas as eminências de quedas... Aprender a cair foi aprender a dançar. Logo, impossível não pensar sobre a importância do equilíbrio e do desequilíbrio nessas danças.

Diferente da dança clássica, os bailarinos da cultura popular estabelecem uma relação muita forte com a terra, estão conectados com o chão onde pisam. Talvez porque a maioria dessas festas são a celebração da Terra, são ritos de fertilidade e espiritualidade e a matriz da crença dessa gente é a África onde os deuses habitam a terra e não os céus.

No momento estou criando uma oficina de desequilíbrio. Ando atenta ao ato de desequilibrar-se.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Nossa Obra de Terreiro


Terminamos a oficina com a apresentação de nossa Opereta. Após muita obra nosso terreiro se encantou. Era saia rodando pra todo lado, muito sorriso, muito brilho, muita beleza, força e doçura. Biu e Dulce estavam vestidas como rainhas e Lia de Itamaracá não ficou para trás! Mas nada se comparava as meninas , elas estavam incríveis, muitas fitas coloridas, saias floridas, baton vermelho e alegria no ar!

A força da roda é indiscutível: gritos de guerra, sedução, jogo, dança, coro: olha o côco do trabalhador! Roda Mundo, rodas gigantes, peneiras, redes, alto da Sé, vadiação, ciranda de Lia, capoeira, chuva, sol... Olha as ondas do mar!

Ô vira, ô gira e torna a virar e torna a girar essas voltas boas de se dar, essas voltas que o mundo dá.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Apresentação Final da Residência Artística> Ponto de Cultura de Lia de Itamaracá.


Sábado: Obra de Terreiro!

por Xyomara

Eu e Mestre Luís Paixão encerramos, neste sábado próximo, nossa Residência Artística no Ponto de Cultura de Lia de Itamaracá. O encerramento contará com a apresentação de um trabalho feito por meio da interação das duas oficinas oferecidas nos últimos três meses.

Iniciamos a noite com Obra de Terreiro, uma opereta com a família do Mestre Baracho: Dulce, Biu, suas filhas e netas. Elas têm entre 3 e 65 anos de idade e cantam cirandas e cocôs autorais e de compositores da região. As musicas são coreografadas e falam sobre os temas: tempo, trabalho, universo feminino e a roda. Faz parte da opereta de narrativa não linear, um jogo da improvisação.

Durante a apresentação faremos uma homenagem ao Mestre Baracho por meio da projeção de fotografias de CaFi que acabam de ser expostas no Instituto Cultural Banco Real no Recife.

A opereta Obra de Terreiro termina sua apresentação abrindo os caminhos para a entrada de Mestre Luís Paixão e sua rabeca. Cantamos com ele uma canção de chegada e em seguida abrimos roda para o mergulhão, neste momento todos os participantes das duas oficinas estarão brincando juntos e Seu Luís dá continuidade a apresentação de Cavalo Marinho. O homenageado da vez será Mestre Martelo, o mais antigo e famoso Mateus do Cavalo Marinho que fará 73 anos neste dia.

Sábado, dia 30 de maio de 2009, à partir das 20 horas no Centro Cultural Estrela de Lia, na praia de Jaguaribe na Ilha de Itamaracá. O espaço é aberto e a entrada é gratuita. Venham conferir!!!