sexta-feira, 6 de março de 2009

Véspera

foto: br 116

Vem chegando fevereiro e o que se sonha é um dia interio no seu lar.
Poder cantar, poder calar, poder querer e merecer o doce toque do seu mar...


Recife de ilusão, Pernambuco coração.

Recife de ilusão, Pernambuco coração.


Vens de lá eu sei, fevereiro vai chegar.
Fevereiro vai chegar...
Chora a Liberdade ao ter tua lembrança, ao se cansar de te esperar,
Sorri a Boa Viagem ao ver feliz a tua imagem ao te ver chegar.

Tua tristeza vai embora, com teu choro o meu pesar.
Tua tristeza vai embora e com teu choro o meu pesar.


Tua espera é meu lamento: a felicidade é teu lar!
A felicidade é teu lar...


Mas se já vais embora,
se já passou da hora de te encontrar,
viverás feliz, longe daqui em outro lugar.

E meu fevereiro é teu dezembro mesmo sendo em janeiro, véspera.


Às vezes aqui , mas sempre lá.

Às vezes aqui, mas sempre lá...


Mas se já vais embora,
se já passou da hora de te encontrar,
viverás feliz, longe daqui, em outro lugar.


O meu avô (homem sábio) me disse certa vez: "Todo homem precisa de uma ilusão pra viver." Eu nunca pude me esquecer disso.

O que temos acima é uma canção, Véspera é seu nome e a letra foi escrita por mim a algum tempo. Eu tinha lá os meus 16 anos e sofria com a partida de uma grande amiga que voltava ansiosa a sua terra: Recife. Ela havia passado uma temporada fora de sua terra natal por conta de uma crise financeira que abalou sua família e nesta ocasião nos conhecemos, estávamos as duas recém chegadas numa escola na cidade de Resende-RJ.

Nessa época eu ouvia Chico Science nas rádios e sua música me comovia a ponto de me causar sensações e desejos profundos de mudança, me apontando o movimento, proporcionando um impulso a mais contra minha sensação de estagnação.

Naquela época, há uns 15 anos atrás, eu vivia a inércia de uma comunidade rural abalada pelo agronegócio. Eu não estava no campo e também não estava na cidade, vivia num lugar entre um local e outro, à beira de uma BR, numa paisagem verde rasgada por uma rodovia, a mais movimentada de todo o país a BR 116, que liga Rio a São Paulo, que leva até certo ponto Rio de Janeiro a Minas Gerais (Estado onde nasci), mas a mim, me deixava exatamente onde eu estava, não me ligava e nem me levava a lugar algum.

Eu acredito que tenha sido aí que nasceu o meu encanto por esse lugar que minha amiga Ivana amava tanto. Um lugar capaz de produzir tanta poética deve ser um lugar de magia, ou será apenas o lugar que chamamos de nosso? Bem, para quem não tinha, naquele momento, lugar algum como referência, para quem, dia e noite via a sua frente, tantos carros passarem rapidamente de um ponto ao outro indo sabe-se lá para onde, neste caso, Recife poderia ser, de fato, um recife de ilusões ...

Mas não é.

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